segunda-feira, 6 de junho de 2011

AMADURECIMENTO

Por João Bosco Leal

Desde minha juventude sempre ouvia dizer as mais variadas coisas sobre a maturidade e a velhice, que para mim -e para muitos com quem converso atualmente-, era quando uma pessoa tinha por volta dos quarenta anos.

O tempo passou e só depois de já haver passado pelos quarenta há muitos anos é que me senti plenamente na maturidade, notando isso em meu próprio corpo, o que também me confirmam os mesmos que pensavam como eu.

Com menos agilidade e os reflexos mais lentos, deixamos de correr para alcançar o que corre à nossa frente. Por trás podemos observar os tropeços enfrentados por eles, nos desviar, e nossa caminhada passa a ocorrer com maior segurança.

Essas observações passam a ter muita importância e agora concordamos com os mais velhos, que observando e estudando o passado, não precisamos passar pelas mesmas dificuldades e tropeços que outros já passaram.

Nossos planos e projetos passam a ser para um prazo mais longo, com menos pressa, mais calculados, diminuindo muito os riscos que antes corríamos sem nos importar.

Começamos a nos fixar em centenas de coisas, desde marcas de produtos alimentícios a mecânicos de nossos carros, estabelecendo uma relação de confiança agora muito importante.

Dificilmente mudamos os lugares que frequentamos, como supermercados e restaurantes, pois já os conhecemos, e não estamos dispostos a muitas experiências novas.

A importância que no passado demos a muitas coisas agora nos parece até ridícula, pela insignificância que hoje possuem em nossas prioridades.

Deixamos de ser tão críticos em relação às outras pessoas, passando a perceber as suas e as nossas próprias limitações, físicas, culturais e mentais.

As companhias que buscamos deixam de serem as que nos satisfaçam momentaneamente, seja comercial ou fisicamente, para serem aquelas que participarão de nossos planos e projetos futuros, de maior duração, quando há maior confiança e cumplicidade.

Nossos amigos são os que compartilham os mesmos hábitos e ideais, com os quais dividimos alegrias e dificuldades, contamos com seu apoio e retribuímos da mesma forma.

A convivência com nossos descendentes passa a ter bem mais importância, planejamos e realizamos viagens com maior frequência e nos dedicamos mais à literatura e à história.

É uma nova vida, muito mais plena, com mais buscas por prazeres emocionais, culturais, do que as ambições materiais anteriores.

A vida é tão perfeita que não arrisca permitir a um jovem, com toda sua agilidade e energia, saber o que só agora na maturidade percebemos plenamente.

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