segunda-feira, 20 de junho de 2011

EDUCAR É UMA ARTE, NÃO UM ESPETÁCULO

Toda história bem contada não é aquela que foi bem vivida no passado, mas aquela que inspira a continuar, acontecendo nos tempos que virão, os quais não se ficarão à espera, e sim o caminhar ao seu encontro. (Gudé).

Por José Eugênio Maciel

“Todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje (...).

“Temos de saber o que fomos para saber o que seremos”.

Paulo Freire

A realização de qualquer projeto educacional dirá primeiramente respeito à capacidade de idealização como sonho, meta e planejamento, assim como o entusiasmo e a determinação compreendida em esforços para viabilizá-lo.

E quem será importante em tal projeto? O estudante? O professor? Perguntar nem sempre é expressar a dúvida em si, mas enfaticamente expressar a afirmação ou reafirmação de propósitos, de comprometimento.

Uma ideia absolutamente brilhante, mas que tenha sido pensada por uma única pessoa e não tenha sido partilhada e compreendida pelas demais, terá poucas chances de acontecer e, mesmo ocorrendo, não será inteiramente concreta por não contar com o envolvimento de todos.

Apreender pressupõe encontrar aquele que esteja vivamente disposto a aprender. Sozinhos, o professor ou o estudante, mesmo na relação direta que estabelecem entre eles mesmos, pouco frutificará em termos de conhecimento e de atitude se não existir o ser individual e social integrados, dentro de um processo educacional que coloque todos como sociedade protagonistas do próprio conhecimento.

Assim, ninguém é mais ou menos importante. Mas é simplista afirmar que não existe o professor sem o estudante ou o estudante sem o professor. Na realidade só existe o professor quando ele é estudante, que ensina sempre com a capacidade de aprender também enquanto ensina e não somente ensina pelo saber acumulado. Ser estudante é ser também capaz de, ao aprender, poder ensinar.

Como em um espetáculo cênico, a apresentação é o momento do ápice, o próprio acontecer exibido diante de um público que, no caso da educação, não pode ser de meros espectadores. O sucesso do espetáculo começa com a montagem, a parte teórica, o conteúdo do que se deseja mostrar e demonstrar. Depende também da estrutura que carecer ser colocada à disposição. Toda uma ambientação propícia e engendrada será um somatório e depositório de ideias e ações, não necessariamente em tal ordem.

A pressa do mundo moderno, quando o tempo tem que ser arranjado e parece cada vez mais escasso como também não organizado suficientemente, exige-se da educação que ela propicie resultados rápidos, ou seja, que o saber ocorra como a instantaneidade do clique na tela do computador, que o aprendizado se abra tão rápido quanto os links e as suas múltiplas janelas.

Vivemos o tempo da velocidade alucinada, tudo passa tão rápido como se não tivesse existido. E a pressa prossegue como se o semeador pusesse rapidamente a semente e já regasse em seguida e já em seguida visse a planta crescer e já também em seguida colhesse os frutos.

O conhecimento é dado, colocado como produto pronto tão bem acabado e imediatamente acessível para ser consumido. Leiam-se os resumos em vez da obra completa. Vai-se ao final do livro.

E o tempo de maturação? O tempo do refletir, do raciocinar e da própria autonomia para pensá-lo?

O conhecimento, que é dinâmico sim nas suas transformações e próprio do evoluir, o conhecimento também se assenta em princípios, em bases sólidas e requer sim um longo processo de estudo, de apropriara-se do próprio conhecimento para transformá-lo e não apenas adquiri-lo.

A arte de ensinar é também a arte de aprender, o espetáculo da educação não termina quando as cortinas se fecham, mas quando se abrem na mente de todo aquele que ensina/aprende, aprende/ensina a própria inteligência que se adquire até imediatamente, mas a sabedoria vem somente com a vivência e com o tempo.

Imagens da Internet - fotoformatação (PVeiga).

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