terça-feira, 22 de novembro de 2011

QUEM NASCEU RIO-GRANDENSE NÃO TEM PATRÃO NEM SENHOR!

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 22 de novembro de 2011.

Mais uma vez reproduzo uma das belas poesias da lavra de meu amigo poeta Evilásio que sagrou-se campeão no “2° Concurso de Poesias Exaltando o Rio Grande”, no evento promovido pela Estância da Poesia Crioula.

Um Gaúcho Rio-Grandense

Fonte: Evilácio Barbosa Saldanha

I

Misto de estrela cadente

risquei o céu com afago!

Me pranchei sobre este pago

nos tempos de antigamente,

mas sei que sou descendente

de raça que tem brasões,

lá do berço de Camões,

de guerreiros, generais.

Mas também tenho ancestrais

nos sambaquis, nas Missões!

II

Descendência lusitana

e da velha estirpe espanhola;

do africano de Angola;

do índio - gente pampeana.

Minha conduta espartana

redesenhou nossa Histona.

Nas lutas demarcatórias

levei Por diante as barreiras,

maragateando fronteiras

Junto as linhas divisórias.

III

Do índio rude e matreiro

herdei um xucro atavismo;

dos Pajés - seu misticismo

de líder, de curandeiro.

Pelos fogões galponeiros,

onde não há penitência,

bem mais Que ser “excelência”

ser gaúcho vale a Pena,

e arrastei as nazarenas

nas guanxumas da querência!

IV

Depois de algumas rodadas

pelos lançantes da vida,

carreiras ganhas... perdidas,

vendo clarear madrugadas,

fui reprisando alvoradas

pra refazer meu caminho.

Mesmo chorando baixinho,

ninguém me botou cincerro,

e desafiei Martin Fierro

nos alambrados do Pinhal

V

Sou relampejar de adagas

nas ramadas dos bolichos;

“recuerdos” de alguns cambichos

que ninguém no mundo apaga.

Alcei no freio esta saga,

que carrego na lembrança.

Cresci, assim, sem herança,

no meu andejar gaudério.

Fui combatente do Império

em muitas cargas de lanças!

VI

Na Guerra de Cisplatina;

nos campos de Tuiuti;

audacioso combati

Para não baixar a crina.

Porque a vitória fascina

nos embates decisórios,

defendi meu território

sem refugar entreveros.

E fui a Monte Caseros

nas tropas do grande Osório!

VII

Cavalariano farrapo;

lanceiro em Noventa e Três;

peleando com altivez

fui mais um turuna guapa.

Pilchas remendadas - trapos,

resquício de indumentárias;

de escaramuças primárias

neste chão verde-amarelo.

Venci, em Monte Castelo,

C’oa Força Expedicionária!

VIII

Sou cascos tamborilando

numa cancha de carreira;

sombra da velha figueira

quando o sol está “rachando.

Sou Chiru velho, mateando,

bombeando as barras do dia.

Sou sentinela - vigia,

- um quero-quero em alerta:

galpão de portas abertas,

onde o labor principia!

IX

Sou clarão da lua cheia,

prateando a velha querência;

mais do que reminiscência

quando a saudade incendeia.

Sou potro que corcoveia,

sentindo a ponta da espora.

Sou a cantiga sonora

do gaúcho em serenata:

barro, encardindo alpargatas;

chuva, guasqueando lá fora!

X

Guando um gaúcho de fé

embreta-se na cidade,

vai ruminando a saudade

do galpão de santa-fé.

Nem pena de caburé

pode amainar tanta dor:

cessa o vôo de um condor,

o céu não mais lhe pertence,

mas quem nasceu Rio-grandense

não tem patrão nem senhor!!!

Livro

O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre.

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)

Vice-Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil/Rio Grande do Sul

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS)

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

E–mail: hiramrs@terra.com.br

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