domingo, 17 de junho de 2012

BANDIDO BOM É POLÍTICO VIVO?


Por Jorge Serrão
Dúvida crudelíssima: qual título seria mais adequado para este artiguinho dominical. Bandido bom é político vivo? Político bom é bandido morto? Bandido vivo é político morto? Político morto é bandido vivo? Bandido bom é político morto? Tirando este último, talvez, qualquer um sirva. O “politicamente correto” não permite que se evoque a imortal frase do falecido delegado-deputado fluminense Sivuca: “Bandido bom é bandido morto”. A conjuntura brasileira também a desmente. Afinal, todos os bons bandidos parecem cada vez mais vivos no Governo do Crime Organizado e da Censura cinicamente velada.
No Brasil, quanto pior para a maioria de sujeitos de bem melhor fica para a minoria de agentes do mal que opera na hegemonia dos podres poderes. Claro, só a otimista Velhinha de Taubaté não acredita nesta triste e hedionda constatação. Os bandidos no poder se aproveitam da omissão generalizada (no sentido denotativo ou no conotativo). O mecanismo corruptor é bem simplório. O cabra honesto entra para a política. Elege-se para alguma coisa. Logo lhe dão a “opção”: entra no esquema ou morre (literalmente). Assim, militantes se transformam em meliantes.
A Governança do Crime Organizado se aprimora. O tal escândalo do mensalão, que parecia o máximo em picaretagem, já evoluiu. Antes mesmo de algum mensaleiro ser julgado no privilegiado foro do Supremo Tribunal Federal, institui-se uma nova maneira de transferir dinheiro de contratos de serviços e obras públicas para os esquemas privados da politicalha. Os geniais petralhas e seus companheiros da base alugada resolveram levar o esquema de corrupção capimunista ao extremo. A grana do BNDES, Banco do Brasil e da Caixa Econômica vão financiar obras de estados e municípios.
As empreiteiras comemoram. A brilhante fórmula foi colocada em prática depois que o escândalo do Carlinhos Cachoeira inviabilizou o esquema montado para tocar o PAC – Programa de Aceleração da Corrupção. Como a caiu à casa da construtora Delta, que se tornou a grande vilã da empreitaragem, os aliados nos estados e municípios não poderiam ficar desamparados. Precisam do mensalão para sobreviver!
Por isso, trocou-se a maculada tocadora das obras e serviços superfaturados por outras empresas e consórcios aptos a receber a dinheirama pública. Como de mau costume, por debaixo dos panos, repassa-se a graninha aos políticos, via doação de campanha, contratos de prestação de serviços de consultoria feitos por laranjas ou no mero esquema clientelista de fazer obras estratégicas em redutos eleitorais cuidadosamente escolhidos.
Armação parecida ocorrerá na Comissão para a Impunidade do Cachoeira e sua turma. Depois de revelado o encontro parisiense do Fernando Cavendish, dono da Delta, com alguns integrantes da “Tropa do Cheque” da CPI, o jeitinho é substituir os membros afetados por outros menos suspeitos. Na troca de seis por meia dúzia, com direito a alguma comissão em espécie, tudo se revolve e fica do modo como sempre esteve nos Palácios do Detrito Federal. E assim segue a roda da fortuna dos políticos corruptos.
Sorte do doutor chefão Luiz Inácio Lula da Silva que conseguiu o divino milagre de se curar totalmente de um violento câncer de laringe. Azar nosso que não temos como pagar uma espécie de super hospital para livrar do tumor maligno dos políticos ladrões. A salvação seria um milagre divino que exterminasse os corruptos e os corruptores da máquina pública. Mas isto só tem condições de acontecer, por aqui, em algum filme de ficção científica que não fosse patrocinado com os incentivos fiscais das Leis do Audivisual e afins...
A imagem, acima, do Ceguinho do Araripe, é justa e perfeita para ironizar nossa triste conjuntura...
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.
© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 17 de Junho de 2012.

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