sexta-feira, 31 de agosto de 2012

OPERAÇÃO PARAGUAI


A segunda fase do julgamento do mensalão tem tudo para levar os brasileiros a uma viagem no tempo.
As artimanhas urdidas pelo PT para tentar encobrir a origem fraudulenta do dinheiro que alimentou o esquema de desvio de recursos públicos lembram, em tudo, as iniciativas do então presidente Fernando Collor para tentar encobrir as falcatruas da Casa da Dinda.
Mas o escândalo do passado ficou minúsculo perto do que fizeram os petistas.
Ontem, o ministro Joaquim Barbosa começou a analisar as denúncias de gestão fraudulenta por parte das instituições financeiras por onde transitaram os milhões do mensalão. O relator do processo no Supremo Tribunal Federal não deixou pedra sobre pedra, ou melhor, tostão sobre tostão.
As operações, pelas quais R$ 32 milhões foram destinados ao PT, eram todas fictícias, feitas com base em contratos fajutos e garantias furadas.
Eram, em suma, uma cascata, empréstimos e financiamentos feitos para nunca serem pagos, cuja única função era tentar encobrir que os recursos que bancavam o mensalão haviam sido surrupiados de cofres públicos.
Barbosa ressaltou que o banco de onde o dinheiro saiu, o Rural, somente decidiu "cobrar" do PT os valores que supostamente teriam sido objeto de empréstimo depois que o escândalo estourou na imprensa. Maus financistas, esta gente dos bancos do mensalão...
Por lá, e pelo BMG, passava um ramal do valerioduto que depois desaguava no bolso dos parlamentares comprados pelos petistas. O crédito era liberado sem que o Rural tivesse sequer o cadastro do partido, das pessoas físicas responsáveis e dos avalistas.
A análise do "financiamento" ignorava a situação de insolvência do PT, afundado nas dívidas que contraíra para chegar ao poder em 2002.
Em tudo, a atitude dos envolvidos, seja na ponta credora, seja na tomadora do dinheiro, mostrou-se criminosa.
"O Banco Rural extraviou dezenas de microfichas, balancetes, incluindo todas as do segundo semestre de 2005. Toda a remuneração referente a novembro de 2004 foi ocultada", destacou ontem o ministro relator do mensalão.
Conhecendo os detalhes das operações fictícias e fraudulentas montadas pelos mensaleiros, muitos hão de se lembrar de uma chamada Operação Uruguai, forjada 20 anos atrás para tentar encobrir a origem do dinheiro que alimentou o esquema PC Farias, que permeava o governo de Fernando Collor.
Curiosamente, tanto lá como cá o mesmo banco está envolvido: o Rural. A diferença é que o duto petista de agora é bem maior que o dreno de outrora.
Segundo Joaquim Barbosa, os banqueiros do Rural estariam agora novamente enredados numa "cadeia de ilicitudes" para simular empréstimos e favorecer o PT e as agências do publicitário Marcos Valério.
Os financiamentos concedidos foram rolados por dez vezes, numa clara comprovação de que não foram feitos para ser quitados.
A primeira fase do julgamento foi concluída ontem, sacramentando não apenas a condenação de João Paulo Cunha, como também sepultando algumas teses da defesa.
Está mais que claro que o dinheiro usado para corromper parlamentares era público; que se tratou de lesão aos cofres do Estado e não uso de recursos de campanha; e que o ato de corrupção não exige provas cabais para restar demonstrado, basta comprovar que o dinheiro recebido é indevido.
Na etapa que ora se inicia, em que os réus são os administradores do Banco Rural, o Supremo terá oportunidade de desnudar outra face da tramoia petista: a de empréstimos forjados pelo partido em conluio com instituições financeiras para lesar o erário.
Assim como as alegações fajutas da defesa dos réus foram uma a uma derrotadas no primeiro capítulo do julgamento, o esquema montado para encobrir a origem do dinheiro sujo do mensalão vai acabar se mostrando uma operação tão falsa quanto uísque fabricado no Paraguai.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Operação Paraguai
Do Blog: Camuflados

30 DE AGOSTO, LUTO, LUTA, LUZIR, LIBERDADE

“Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas
 aquele  que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso”.
Bertold Brecht
Por José Eugênio Maciel
          Ainda que quisessem esquecer, não seria possível, as marcas da dor moral e física nos professores são ainda lancinantes. O 30 de agosto de 1988 tornou-se pela natureza dos fatos o dia do luto. A violência perpetrada pela Polícia Militar do Paraná, acatando ordens superiores, partiu para cima dos educadores acampados em frente ao Palácio Iguaçu, se constituiu na barbárie que atingiria os profissionais do ensino, as escolas, atingiria a educação, afrontaria a sociedade e desvirtuaria a ordem democrática.
          A cavalaria galopou em cima dos manifestantes acampados, integrados também de estudantes, funcionários administrativos e familiares, dentre eles menores de idade, atingidos pelas bombas de gás lacrimogênio ou de efeito moral. A violência com cassetetes não poupou absolutamente ninguém, covardia maior quanto ao fato de muitos estarem deitados ou sentados, sem chance de qualquer reação. Policiais tiveram a preocupação de arrancar das mãos e destruir qualquer tipo de máquina filmadora ou fotográfica, com a clara intenção de evitar provas que pudessem incriminá-los. É por isso que imagens comprovando a violência são escassas, embora ricas o suficiente para comprovar.
         O início da belicosa dispersão eu pude observar do terceiro andar do Palácio, eu estava lá para apanhar cópias de um documento para o gabinete do então deputado estadual Rubens Bueno. O meu espanto era de incredulidade inicial imediatamente seguido de repulsa, quando então fui ver mais de perto o desfecho da violência, os manifestantes corriam em direção ao prédio da Assembleia, buscando naquele momento se protegerem dos ataques.
         Um dia de luto, sem dúvida. Os professores estavam em greve desde o dia cinco e a decisão de acamparem em frente à sede do governo do Paraná deveu-se a intransigência de Álvaro Dias em receber uma comissão, os educadores desejavam no mínimo serem recebidos em audiência. O governador Dias negou-se peremptoriamente ao diálogo. À época, ele estava em um encontro do BRDES - Banco Regional do Desenvolvimento do Extremo-Sul. Imaginava-se até que ele não teria autorizado a ação da Polícia, entretanto, concretamente não agiu de modo contrário, não se preocupou, sendo lícito concluir que ele sabia e permitiria que tal fato ocorresse. Os que em um primeiro momento não acreditariam que ele fosse capaz, uma vez que tinha o título de professor e pela conjuntura caracterizada pelos ventos de liberdade que começavam a arejar em lugar da ditadura terminada formalmente em 1985 e pelo fato dos ricos debates em razão da nova Constituição que viria ser promulgada naquele ano de 1988, em outubro.
         Um dia de luto, aquele 30 de agosto. Os dias seguintes foram de luta, precisamente por mais 20 dias, quando se intensificava a mobilização que deixara de ser dos professores, para ser da sociedade, perplexa e indignada pelo tratamento recebido como se fossem eles bandidos.

Mesmo sob chuva, professores da rede estadual do Paraná saíram às ruas de Curitiba no ano passsado para a tradicional manifestação que lembra o dia 30 de agosto de 1988, quando professores foram reprimidos durante um protesto de greve em frente ao Palácio Iguaçu, na capital paranaense.
Do R7, com Agência Estado- Foto: Franklin de Freitas/AE
          A cada 30 de agosto aquele acontecimento vem à tona com maior intensidade como o luzir do brio da luta, cabendo lembrar o mestre Paulo Freire, “a educação não transforma o mundo. A educação muda as pessoas. As pessoas transformam o mundo”. Os poderosos, quanto à história que não lhe convém, tentam escondê-la, destruí-la, maquiá-la, seja lá o que possa para acobertá-los. Assim sendo, tempos depois os vastos gramados deram lugar a jardins e árvores, tudo para inviabilizar outros acampamentos. A frente do Palácio passou a ter barreiras que, mesmo parecendo suaves, tinha o escopo de intimidar e não permitir que ali se instalassem qualquer grupo.
         Os professores foram derrotados em suas lutas? Naquele momento? Sem fugir da resposta, até porque cabe a reflexão a todos, mas torna-se necessário lembrar um fato bem palpável, Álvaro Dias tentou por três vezes voltar ao Palácio, em todas elas perdeu a eleição. Os professores sozinhos talvez não façam a diferença nas eleições, mas assumiram para si a condição de se colocarem sempre contra ele, não em favor do Magistério em si, mas da educação outrora pisoteada por ele.
         O 30 de agosto que a cada ano tem a marca da manifestação é para trazer, nos tempos de liberdade, que a luta é árdua, persistente que não merece trégua, mas é o único caminho. Além disso, os educadores que ingressaram tempos depois, assim como os demais na carreira de servidores públicos e a geração de estudantes necessitam conhecer a história, refletir, questionar e se inspirar naqueles acontecimentos.
         O 30 de agosto seria em vão, caso fosse esquecido ou não fosse lembrado com a legítima eloquência, e se fosse em vão, estaríamos agora sendo covardes, omissos e desmerecendo todos aqueles que, por nós, estiveram na linha de frente do combate. O mínimo que podemos ter é o respeito, a gratidão, o sentimento de solidariedade e do aplauso.
         Os 24 anos depois trazem no seu bojo uma luta que está atual mais do que nunca! E o exemplo maior e mais notável - histórica e atualmente - é a equiparação salarial, uma vez que o professor, tendo nível superior, possui uma condição salarial sempre inferior a qualquer outra categoria funcional do próprio poder público estadual. A luta não é para se obter privilégio, mas sim a igualdade salarial, uma questão de justiça, a exigir dos professores a luta tenaz, a exigir dos governantes respeito à Educação.
Pesquisando na Internet inserimos as fotos e vídeo que ilustram a matéria-vídeo do Blog: folha13-(PVeiga)

FLORADAS NA SERRA - (TRECHO)

Por Dinah Silveira de Queiroz

Paisagem na Mata Atlântica, Petrópolis, RJ-Carlos Oswald (Brasil, 1882-1971)-óleo sobre tela colado em eucatex, 70 x 95cm
Cobria-se a Serra de flores.  Correu primeiro um balbucio de primavera. Seria já a florada?  Botões, aqueles pequenos sinais? No meio dos bosques escondidos entre os montes, o amarelo e o vermelho salpicavam, abriam no verde sorridente espanto. Em lugares mais resguardados, mais favorecidos, em breve surgia a neve florida cobrindo as pereiras e transformando, enriquecendo a paisagem.  E logo também floriam os pessegueiros.  Junto das favelas, nos parques dos sanatórios, rodeando os bangalôs, à beira das águas mansas, a florada em rosa e branco apontou finalmente, luminosa, irreal.
Perto do pequeno lago em que se debruçavam as pereiras alvas, encantadas, o pintor armou o cavalete.  Tocados de primavera, os galhos roçavam a água que reproduzia a fila das árvores. Amarrada à margem a pequena canoa envernizada, vazia, estava juncada de flores que o vento carregara.”
Em: Floradas na Serra, Dinah Silveira de Queiroz, Rio de Janeiro, José Olympio:1984, 23ª edição. Prêmio Antônio de Alcântara Machado, da Academia Paulista de Letras. Originalmente publicado em 1939. -(Peregrina).
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Sétima ocupante da Cadeira 7, eleita em 10 de julho de 1980, na sucessão de Pontes de Miranda e recebida pelo Acadêmico Raymundo Magalhães Júnior em 7 de abril de 1981.
Dinah Silveira de Queiroz, romancista, contista e cronista, nasceu em São Paulo, SP, em 9 de novembro de 1911, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 27 de novembro de 1982.
Filha de Alarico Silveira, advogado, homem público e autor de uma Enciclopédia brasileira, e de Dinorah Ribeiro Silveira, de quem ficou órfã muito pequena.

OS PERGAMINHOS DO MAR MORTO PODERÃO SER VISTOS NA INTERNET

Rabino lendo, s/d-Alfred Lakos ( República Checa 1870-1961)-Óleo sobre madeira, 17,5 x 24, 5 cm

Os manuscritos do Mar Morto, documentos com mais de 2000 anos de idade e os mais antigos manuscritos conhecidos em língua hebraica, poderão ser vistos em um arquivo online graças a uma nova iniciativa revelada pela Autoridade de Antiguidades de Israel e pelo Google. O projeto vai dar aos usuários da internet a oportunidade de visualizar os pergaminhos, digitalizados em alta definição.
Encontrados por acaso por um pastor beduíno em 1947 nas cavernas localizadas em Qumran, próximas ao Mar Morto, os textos dos pergaminhos contêm fragmentos de todos os livros do Antigo Testamento, exceto Ester, e de vários livros apócrifos e escrituras das seitas.  Esta coleção de textos bíblicos foi um dos achados arqueológicos mais importantes do século XX e é composta por 30 mil fragmentos que juntos formam 900 manuscritos.   A importância desses manuscritos para a história da humanidade é tão grande que eles são mantidos, fortemente policiados, em Jerusalém, em um prédio do Museu de Israel que é também um abrigo nuclear. O pergaminho e papiros estão escritos em hebraico, aramaico e grego, e incluem vários dos mais antigos dos textos conhecidos da Bíblia, incluindo a cópia mais antiga – que se conhece — dos Dez Mandamentos.  
As imagens de alta resolução serão disponibilizadas gratuitamente na forma original e com as traduções. “Este projeto vai enriquecer e preservar uma parte importante e significativa do patrimônio mundial, tornando-o acessível a todos na Internet“, disse o professor Yossi Matias, do Google-Israel.  “Vamos continuar com este esforço histórico para fazer todo o conhecimento existente em arquivos e estoques disponíveis a todos.”
Até agora, apenas uma pequena parte dos fragmentos maiores foi apresentada ao público, para minimizar os danos.  Quando não estão à mostra, esses fragmentos são mantidos em armazenagem sem luz e climatizada.
Mais antigos manuscritos em hebraico serão
digitalizados em alta definição e colocados
na internet-Foto: EFE
Nesse projeto, os fragmentos serão fotografados e digitalizados usando vários comprimentos de onda diferentes. Espera-se que as imagens em infravermelho possam vir a expor caracteres atualmente invisíveis a olho nu.  As imagens serão, então, enviadas para um banco de dados e poderão ser objeto de pesquisa on-line, permitindo que estudiosos de todo o mundo a se debrucem sobre os seus detalhes.   “Estamos estabelecendo um marco significativo entre o progresso e o passado para preservar esta herança cultural, este patrimônio único, para as gerações vindouras”, disse Shuka Dorfman, atual chefe do IAA. “O público com um clique do mouse será capaz de acessar livremente a história em toda a sua glamorosa totalidade.
Os internautas poderão participar do que a autoridade de Antiguidades descreveu como “o jogo final de quebra-cabeças”, já que terão a oportunidade de recompor os pergaminhos, juntando peças e até descobrindo novas formas de ler os textos em hebraico antigo, corroídos e descoloridos com o passar dos anos.
As primeiras imagens entrarão na rede nos próximos meses.